A Touchdown Mineiro inicia um espaço para compartilhar as histórias da bola oval. Histórias que mudaram vidas, por mais simples que sejam, com certeza elas fizeram diferença. Esse esporte maravilhoso que tanto amamos, nunca foi, nunca é e nunca será só esporte.
A primeira história vem da Izabella Ravaiane, mineira, estudante de nutrição e integrante da comissão técnica do João Pessoa Espectros.
Primeira chuteira – Izabella Ravaiane
Desde que me entendo por gente eu sou apaixonada por esporte e dança. Aos 3 anos, entrei no ballet, aos 13, no handebol, aos 18, no tênis e aos 21, no flag football. Isso sem contar aqueles que praticava esporadicamente, como natação e tênis de mesa, e os que eu assisto, como futebol e vôlei.
Cada esporte teve sua história e importância e cada um deixou suas marcas em mim. Me lembro da primeira sapatilha de ponta que ganhei, da primeira raquete e da primeira flag, mas a história aqui é da minha primeira chuteira.
Antes vou contar minha trajetória. Senta que lá vem história.
Há sete anos comecei a acompanhar a liga americana de futebol americano, a NFL, e fiquei encantada. Desde então sou uma fã incondicional da franquia Dallas Cowboys. Resolvi procurar mais fãs como eu e terminei em grupos de whatsapp com torcedores do Brasil inteiro e de todas as franquias. Em um desses grupos, uma pessoa comentou de um time da cidade dele que, coincidentemente era a minha cidade também, e pedi para conhecer.
Pronto. Foi a entrada para um caminho sem volta.
Esse meu primeiro time se chamava Piratas da Serra. Lá comecei na diretoria, era diretora de logística e de comunicação. Mas como ia muito aos treinos, sabia o playbook e já entendia um pouco do jogo, o head coach acabou me convidando a fazer parte da comissão técnica. Na hora aceitei e comecei trabalhando com os OLs, mas não estava tão feliz e mudei de posição para WRs.
Ali sim me encontrei. Fiquei aproximadamente 10 meses no Piratas, até que, por algumas desavenças, saí do time. Achei que era o fim, mas era só o começo. Fui convidada a integrar a equipe do América Locomotiva, uma das mais tradicionais de Minas Gerais.
No América eu ainda trabalhava com os recebedores tanto na base, quanto no time principal. Em seis meses que eu estava lá, eu e mais algumas mulheres (Andreia, Jenn, Carol, Luciana e Dayra, meu muito obrigada a vocês) fundamos o time feminino de flag.
A princípio eu estava na comissão técnica como coordenadora ofensiva, porém o time precisava de uma QB e eu assumi essa responsabilidade. Eu estava super empolgada para jogar e liderar um time, mas….. eu não tinha uma chuteira.
Comentei com minha mãe sobre isso e ela não disse nada. Uma semana depois, ela chegou dizendo que tinha uma surpresa para mim. Sim, era uma chuteira, pretinha e da Puma.
Um dos presentes mais marcantes que eu ganhei. Minha primeira chuteira. Com ela eu fui a primeira QB do time feminino de flag football do América, com ela disputei um nacional com 4 meses de time, com ela fiz amigas pra vida, com ela aprendi a ser uma líder e uma capitã.
Hoje já mudei de time, estou no Espectros, já comprei outra chuteira, já não jogo mais e quando faço algum treino, é na areia. Mas minha chuteira pretinha está sempre comigo, para me lembrar que eu posso ser quem eu quiser.
Todos tem uma história com a bola oval! E nós queremos conhecer. Envie sua história através de nossas redes sociais!