‘A única forma do esporte dar certo é sendo completamente transparente’, diz Ítalo Mingoni em entrevista

Na última quinta-feira, 21, Ítalo Mingoni (Head Coach e General Manager do América Locomotiva) e Lucas David (Head Coach do Recife Mariners), anunciaram a chapa “Nova CBFA”, que concorrerá na eleição do próximo dia 31 de março. Essa foi a única chapa inscrita para o pleito.

Conversamos com Ítalo Mingoni sobre alguns temas recorrentes nas discussões pelas redes sociais.

Touchdown Mineiro: Qual o maior desafio da futura gestão da CBFA?

Ítalo Mingoni: Dentre vários, um dos maiores é apresentar à comunidade a trajetória que devemos prosseguir e quais serão os impactos para que alcançemos os resultados esperados. Para isso, todos os stakeholders (partes interessadas) necessitam compreender as renúncias e os investimentos que teremos que fazer em prol do desenvolvimento do esporte. Eu chamo isso de educar o mercado.

Carecemos de uma cultura mais sólida da modalidade no Brasil. O primeiro passo é assimilar todos na mesma direção. Posteriormente, disseminar a ideia da colaboração. Precisamos compartilhar o que nós aprendemos, aplicamos, erramos e acertamos entre a comunidade. Reter conhecimento e expertise não vai te tornar melhor e ameniza o progresso do futebol americano no Brasil.


Touchdown Mineiro: A CBFA utiliza a FA Manager como sua plataforma oficial e você é um dos criadores da mesma. Como ficará sua relação com a plataforma, já que você não pode assumir a confederação sendo um prestador de serviços?

Ítalo Mingoni: É importante obedecer a responsabilidade corporativa e cumprir os acordos firmados pela antiga gestão. Certamente, a nova gestão, se aclamada, buscará revisar, se houver, qualquer acordo que seja desproporcional, mas sempre assumindo os compromissos. Hoje eu desconheço algum produto semelhante, com um preço ofertado ao que a FA Manager oferecer no mercado. Como um dos idealizadores do produto, posso afirmar que ele foi inteiramente desenhado para suprir as necessidades das entidades regulamentadoras, integrando totalmente as bases. Então, possivelmente, no primeiro momento, será cumprido o acordo da última gestão e a FA Manager continuará como prestadora de serviço.

Entretanto, como prevê o Art. 44, Inc. III do Estatuto da Confederação, eu seria impedido de ocupar um cargo no Conselho Diretor caso seja ligado de forma relevante a qualquer empresa prestadora de serviços à CBFA. Desta forma, objetivando entrar em conformidade com o estatuto e me tornar apto a ser nomeado, caso a chapa seja aclamada, é natural que eu me desvincule por completo de qualquer empresa que preste serviços para a Confederação, sejam elas a Wise, Bigmidia ou o produto FA Manager, as quais estou vinculado hoje. No mesmo Art. 44, Inc. I, diz também que eu seja impedido caso eu seja membro executivo ou deliberativo da entidade filiada direta ou indiretamente à CBFA. O América Locomotiva hoje é filiado a FEMFA, que é filiada a CBFA. Portanto, por questão de conformidade também, cessarei minhas atividades como General Manager equipe.

Isso não quer dizer que eu não possa prestar serviços para qualquer outra equipe, como consultorias por exemplo. Nem muito menos ser técnico, nem atleta. São coisas completamente diferentes. Eu poderia continuar sendo um coach da equipe. Entretanto, como decisão única e exclusivamente pessoal, eu também me afastarei da comissão técnica de forma efetiva. possivelmente, num futuro próximo, podemos voltar a trabalhar em conjunto, na figura de consultor por exemplo.


Touchdown Mineiro: A CBFA utiliza a FA Manager como sua plataforma oficial e você é um dos criadores da mesma. Como ficará sua relação com a plataforma, já que você não pode assumir a confederação sendo um prestador de serviços?

Ítalo Mingoni: É importante obedecer a responsabilidade corporativa e cumprir os acordos firmados pela antiga gestão. Certamente, a nova gestão, se aclamada, buscará revisar, se houver, qualquer acordo que seja desproporcional, mas sempre assumindo os compromissos. Hoje eu desconheço algum produto semelhante, com um preço ofertado ao que a FA Manager oferecer no mercado. Como um dos idealizadores do produto, posso afirmar que ele foi inteiramente desenhado para suprir as necessidades das entidades regulamentadoras, integrando totalmente as bases. Então, possivelmente, no primeiro momento, será cumprido o acordo da última gestão e a FA Manager continuará como prestadora de serviço.

Entretanto, como prevê o Art. 44, Inc. III do Estatuto da Confederação, eu seria impedido de ocupar um cargo no Conselho Diretor caso seja ligado de forma relevante a qualquer empresa prestadora de serviços à CBFA. Desta forma, objetivando entrar em conformidade com o estatuto e me tornar apto a ser nomeado, caso a chapa seja aclamada, é natural que eu me desvincule por completo de qualquer empresa que preste serviços para a Confederação, sejam elas a Wise, Bigmidia ou o produto FA Manager, as quais estou vinculado hoje. No mesmo Art. 44, Inc. I, diz também que eu seja impedido caso eu seja membro executivo ou deliberativo da entidade filiada direta ou indiretamente à CBFA. O América Locomotiva hoje é filiado a FEMFA, que é filiada a CBFA. Portanto, por questão de conformidade também, cessarei minhas atividades como General Manager equipe.

Isso não quer dizer que eu não possa prestar serviços para qualquer outra equipe, como consultorias por exemplo. Nem muito menos ser técnico, nem atleta. São coisas completamente diferentes. Eu poderia continuar sendo um coach da equipe. Entretanto, como decisão única e exclusivamente pessoal, eu também me afastarei da comissão técnica de forma efetiva. possivelmente, num futuro próximo, podemos voltar a trabalhar em conjunto, na figura de consultor por exemplo.


Touchdown Mineiro: Em uma futura gestão, como ficarão as regras de transferência? Elas continuarão com o formato atual ou vocês pretendem alterá-las?

Ítalo Mingoni: O regulamento de registro e transferência é um instrumento extremamente necessário para a realidade e o tamanho do futebol americano no Brasil. Entretanto, a sua publicação pecou em dois pontos. Primeiramente, no quesito de razoabilidade. É natural que nós busquemos legislações com a mesma finalidade em outras modalidades. Mas precisamos compreender a nossa realidade e adaptar. Retirar o que não é procedente e incluir o que é oportuno.

O segundo momento foi ter publicado sem certificar que a estrutura atual comportaria a regulamentação. Nem sistêmica, nem de recursos humanos. Por exemplo, no Art. 4º do documento diz que é necessário fornecer uma Ficha de Inscrição com uma série de documentos. Mas quem irá certificar que estão dentro dos padrões? Estima-se que temos cerca de 12 mil praticantes ativos no futebol americano. Mesmo que tenha alguém trabalhando exclusivamente somente para checar as conformidades, não daria conta. A partir daí, as equipes não conseguem transferir nenhum atleta pois o sistema se torna burocrático e gera um entrave no esporte.

Então, evidentemente, esse regulamento precisa ser revisto para que se torne funcional. Muito além disto, precisamos escutar o mercado e todos os stakeholders, principalmente os que são impactados diretamente com esta regulamentação. Começar com uma regulamentação mais simplória inicialmente, analisando os impactos para posteriormente aprofundar na legislação.


Touchdown Mineiro: Quando paramos para analisar a confederação, as federações e o principal torneio do país, vimos que existe um padrão: não existe a preocupação com a criação de conteúdo (FGFA e FCFA são as exceções), seja para informar os fãs ou para abastecer a mídia com informações. Vivemos na Era da Informação, não gerar informações é estar na contramão. Sua chapa pensa em fazer algo nesse sentido?

Ítalo Mingoni: Dentro de suas atribuições, a confederação precisa trabalhar em todos os âmbitos e a comunicação é crucial para alcançarmos o objetivo proposto pela chapa: transparência. Entretanto, o seu papel na comunicação é completamente institucional. Muito mais que postar em redes sociais, a comunicação precisa ser melhor estabelecida, principalmente com os veículos de difusão em massa. Além disso, precisamos criar um viés de comunicação para informar quem já está inserido dentro da comunidade, assim como atrair novos consumidores. Conteúdo precisa ser informativo, célere e relevante.


Touchdown Mineiro: Qual o projeto para as categorias de base?

Ítalo Mingoni: Dentro das atribuições da confederação, existem duas estratégias voltada às categorias de base. A primeira delas é baseada em incentivo, ou seja, mostrar as vantagens e criar um cenário atrativo para que as equipes invistam em suas categorias de base. Esse incentivo pode ser fiscal, como exemplo, desconto em taxa de filiação para equipes, ou educacional, distribuindo cursos de capacitação em gestão para equipe.

O segundo método é voltado para a conformidade. Ou seja, a confederação estabelece um marco regulatório e estipula um prazo para que a equipe entre em consonância com a regra estipulada. Por exemplo, a CBFA delibera que até 2024, para disputar a primeira divisão do nacional, a equipe precisa ter uma categoria de Base U-19 e até 2028, além da U-19, ter também a U-15. Dessa forma, obrigatoriamente, para estar apta a participar de competições, a equipe precisa ter uma estrutura básica.

Essa gestão pretende trabalhar das duas formas. Claramente, a parte da educação é a forma mais branda, com menos impactos. Entretanto, a confederação precisa legislar para garantir o futuro da prática.


Touchdown Mineiro: Qual o projeto para o Brasil Onças?

Ítalo Mingoni: O Brasil Onças, assim como todas as outras seleções, possuem um papel importante no núcleo de rendimento do futebol americano. Desde 2017 não temos um evento oficial envolvendo a seleção fullpads masculina e não podemos deixar isso esfriar. Sabemos da importância e provisionaremos um evento ainda este ano, desde que ele seja sustentável para a Confederação. O foco é a gestão e principalmente a responsabilidade corporativa. Se for comprometer a saúde financeira da instituição, buscaremos outra forma de ativar este núcleo.


Touchdown Mineiro: O interesse das mulheres pelo esporte tem crescido nos últimos anos, mas não existem iniciativas da Confederação para valorizar as mulheres no esporte. Você tem alguma proposta?

Ítalo Mingoni: De fato, é notório o crescimento do público feminino no consumo de futebol americano. Elas estão ocupando altas cadeias de comando, tanto no âmbito técnico quanto o âmbito administrativo. Dentro de campo, as equipes estão cada vez mais sólidas. Para a Confederação, o estímulo pode partir também da prática do incentivo e da conformidade, mas precisa ser dado um passo sólido de cada vez. O lugar da mulher é onde ela quiser, desde que seja competente e esteja disposta e disponível.


Touchdown Mineiro: Vivemos nos tempos do Compliance (conjunto de disciplinas e práticas que visam o cumprimento de normas de uma instituição, procurando investigar, evitar e solucionar qualquer desvio, risco ou inconformidade) e da transparência, mas percebe-se que as Confederações e Federações brasileiras não se importam muito com isso, não se preocupam em prestar contas, não criam normas internas para evitar corrupção e nunca são 100% claras em seus atos. Sua chapa tem alguma proposta nesse sentido?

Ítalo Mingoni: Os pilares da nova gestão serão pautados com princípios da governança corporativa. A única forma do esporte dar certo é sendo completamente transparente. Precisamos entender que estamos lidando com o investimento do afiliado e precisamos prestar contas sobre isso. Da mesma forma que a gestão precisa governar em prol do esporte e da instituição, mesmo que seja um projeto estrutural que não dê glórias para a atual administração. Ela foi eleita para escolher o que é melhor para o esporte. Em breve, toda a comunidade compreenderá melhor todas as iniciativas que desenhamos em um planejamento estratégico. Dessa forma assimilamos os atores a caminharem em função de um mesmo objetivo.


Touchdown Mineiro: Para finalizar, fale abertamente para o público do FABR o que desejar.

Ítalo Mingoni: A comunidade precisa compreender que sem colaboração, o fomento desportivo será seriamente prejudicado. Estar a frente da gestão da Confederação não me dá um status de salvador da pátria. Tudo será pautado em muito planejamento e trabalho, entretanto, é essencial que todos os atores estejam alinhados com os objetivos e pensem no melhor para o esporte. Vamos buscar cada vez mais compartilhar expertises, aprender com os erros dos outros e evoluir a partir disso. Conto com todos vocês para realizar uma gestão transparente e eficaz.

Foto: Emanuelle Mattos Fotografia

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